sexta-feira, março 30, 2012

Bariloche

1o dia
Chegada de manha à cidade que foi publicitada, após a sua fundação, de "a Suíça Argentina". O objectivo foi colonizar esse espaço que se encontrava em disputa com o Chile. A formula encontrada foi torna-la num destino turístico, o que foi amplamente conseguido. A disputa ficou resolvida com a divisão de terras proposta pelo perito Moreno.

Depois de uma pequena volta pelo centro histórico da cidade e um almoço deprimente, tivemos o primeiro sabor da beleza natural da região ao subir ao cerro Otto, no sopé do qual esta a cidade. Subida divertida no teleférico austríaco cujas cabinas tem forma de capacete. No cimo, percebe-se a extensão do lago Nahuei Huapi (lago do tigre, nome dado pelos Tehuelches, indígenas da região).
A indisposição do almoço mal escolhido e o cansaço da viagem matutina não deixaram espaço para mais aventuras.

2o dia
Acordar cedo para passeio pelo circuito Chico, onde se tem uma percepção alargada do que é esta parte do Rio Negro (província onde sita Bariloche) e se visita os principais pontos turísticos, incluindo o hotel Llao Llao (principal edifício construído com o objectivo de por Bariloche no mapa,, como já referido, projecto inicial do arquitecto Alejandro Bustillo). Mais um passeio a um mirante, desta vez cerro Campanario, tb com ampla vista da região, e melhor contemplando os lagos afluentes do Nahuel Huapi. Ao longe avista-se o cerro tronador (monte mais alto e importante da regiao) e vasta área da cordilheira dos Andes. Paragem numa fabrica de transformação de rosa mosqueta, uma planta europeia que actualmente se tornou uma praga. Fazem produtos de beleza pelas suas propriedades regenerativas e chá pela quantidade de vitamina C e A. Tem um ditado que diz: a rosa mosqueta é como os políticos, quanto mais se investiga mais propriedades se descobre :)
Após almoço caseiro e simpático, segue-se passeio de catamaran pelo lago, com ponto de partifa en Puerto Pañuelo, rumo ao bosque dos arrayanes (não consegui encontrar tradução) - um tipo de arbusto com tronco alaranjado, que deixado crescer livremente alcança ~20m. Muito bonito. Terras de parque nacional doadas por uma família rica.
No lago, avista-se a ilha sentinela, onde estão depositados os restos mortais do perito Moreno.
Visita a Isla Victoria, a maior do lago com cerca de 20km de extensão, e que actualmente é um viveiro de flora local, mas que durante muitos anos foi tomado por arvores exóticas (como pinheiros) que sufocaram a restante flora e por consequência fauna da ilha. Esforços estão a ser feitos para substituir esses pinhais por arvores autóctones.

Depois de bem passeados, bom jantar com truta e bife de chorizo no restaurante Jauja.

3o dia
Camionete com direcção ao monte Tronador, a cerca de 80km de Bariloche. Pelo caminho contemplam-se mais lagos, e já no parque nacional o lago das 7 cores, que começa num azul turquesa e vai gradando para tona esverdeados. A agua é sempre fria, pois é alimentado pelas nascentes glaciares. Pelo caminho, no lago Mascardi, a suposta ilha coração (do lado que passamos nem se vislumbra essa forma), com uma linda história romântica na sua origem (resumido: um amor proibido, 2 índios atados a arvores em ilhas diferentes e a forca do seu amor uniu os seus lábios)
Paragem para ver o saltillo las nalcas, através de pequeno percurso pelo bosque, com o cerro Tronador a ficar cada vez mais perto e a mostrar a sua imponência.
A chegada ao glaciar negro e sopé do cerro faz-se por um estradao de terra que foi dizimado em Maio de 2009, quando após dias de chuvadas torrenciais uma onda gigante vinda da base da montanha derrubou arvores, transportou rochedos. Hoje, já reconstruído mas ainda com os vestígios dessa destruição.
O glaciar negro é encantador, apesar de os icebergues que ficam na lagoa parecerem blocos de esferovite suja, pela sua inércia e cor. Não se consegue perceber a magnitude da montanha de gelo no cume, mas estima-se 80-100m. Da base descem quedas de agua permanentes que resultam do degelo constante. Tivemos a sorte de experimentar o porquê do nome Tronador: blocos de gelo do topo que se libertam provocando pequenas avalanches, que fazem um som semelhante ao de um trovão. Espectacular!
A visita segue para o sopé do monte na vertente este, onde tem uma pequena confiteria para servir os turistas, e também a nascente do rio manso que começa nas cascatas de agua que descem dos glaciares.

Regresso a Bariloche para jantar de despedida. Optamos pelo don Molino, assador crioulo, onde comi o melhor borrego assado da minha vida. Chama-se assador crioulo, em que o animal fica horas sobre uma lareira central, a assar lentamente e a namorar com o calor emanado dos troncos.

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