quinta-feira, abril 19, 2012

Adios Argentina

Foi um prazer conhecer-te.

quarta-feira, abril 04, 2012

Ushuaia

Chegamos à cidade mais austral do mundo! O fin del mundo!
Pena a cidade não ser bonita, pois o enquadramento geográfico é fantástico - assente numa baia na margem do canal Beagle, que separa as partes mais austrais do Chile e Argentina; no sopé do monte Martial, que tem um pequeno glaciar com o mesmo nome, sempre visível da cidade, incluído numa porção da cordilheira dos Andes.

O paralelo 68 foi uma divisão arbitraria que dividiu a Ilha do Fogo em partes (quase) iguais, entre os estados do Chile e Argentina.
Ushuaia foi erigida em torno de uma prisão, mandada construir pelo governo para os presos mais perigosos, como forma também de fortificar a soberania do local. Tinha a vantagem de ser um local relativamente inóspito e, por se tratar de uma ilha, ser difícil a fuga do território. Seguiram modelos como a tasmânia pelos ingleses e ilha do diabo pelos franceses.
No local, os Prisioneiros foram utilizados como mão de obra para colheita de madeira, ao que se deve a construção de uma linha de comboio entre o que hoje é o parque natural e o centro da cidade.
Isso contribuiu para a devastação da floresta natural da região, ao que se veio somar nos anos 50 a introdução de castores com objectivo de criar industria de peles.

A chegada foi de noite e directa para hotel. Fomos jantar ao tia Elvira, um dos restaurantes mencionados nos guias, apesar de no tripadvisor aparecer a meio da tabela. Experimentamos a santola local - o famoso king crab, que não surpreendeu. Apesar de carnudo, mas não é extremamente saboroso. O restaurante estava cheio, por ser dos poucos abertos em dia de feriado nacional - comemora-se (ou lamenta-se) os 30 anos da guerra com UK pela soberania das Malvinas, algo que ainda está profundamente marcado nos locais. O restaurante era bom mas caro.

No dia seguinte acordamos cedo para visita ao parque nacional terra do fofo, que inclui uma viajem pelo comboio (linha que foi reabilitada da linha utilizada pelos presos no transporte de Madeira), que actualmente é um dos pontos turísticos. O passeio pelos vales é bonito, mas depois dos glaciares nada impressiona... Termina na baia Lapataia, que é onde termina também a ruta no 3, parte integrante e final da panamericana que começa no Alasca e atravessa as Américas.
Almoço no bar ideal, um pub de passagem turístico com mensagens nas paredes (dos turistas para... O mundo!). Hamburger congelado deprimente na terra da boa carne.
De tarde, passeio de catamaran pelo famoso canal Beagle até ao farol do fim do mundo (o ultimo da argentina), apesar do ultimo de facto ser o de cabo huernos a cerca de 200km; é confundido com o do conto de Júlio verne, que se situa na ilha Staten (na altura em que o livro foi escrito, era de facto o mais austral). Chegada à tão almejada pinguinera, na ilha Martillo onde reside uma colónia de pinguins Magalhães e alguns gentoo (tradução?)
Jantar no Almacen Ramos Generales, que até 2006 foi um importante destribuidor de diversas mercadorias, mas que desde há ~5 anos funciona como restaurante/confiteria. O espaço é decorado com todo tipo de artigos que eram comercializados, o que o torna uma espécie de galeria de antiguidades. É engraçado o frigorifico GM dos anos 50 que ainda funciona! A ementa faz-se sobretudo de pequenos pratos para picar/partilhar. Os pratos são poucos e não impressionam mas vale pelo local.
O ultimo dia também se fez de passeios a pé pela cidade, já com a característica chuva presente. Os museus acabaram por não ser visitados.




Ficou por ver o estreito de Magalhães, que se situa na margem norte da ilha, e que é o local emblemático que serviu de ligação entre os 2 oceanos na primeira viagem de circum-navegação: a comprovação de o mundo ser redondo, e a chegada ao oriente por via do ocidente. Alias, o nome terra do fogo terá sido posto por Magalhães devido as fogueiras que os indígenas fariam para comunicar entre eles.

É uma sensação anacrónica, a da portugalidade no fim do mundo...

terça-feira, abril 03, 2012

Observações

Os argentinos são um povo simpático e aberto. São viciados em mate (é frequente ver-se as pessoas com o seu termuszinho e a caneca típica com palhinha de metal)
Os casais têm bastantes filhos, não é raro ver-se casais jovens com 4-5 filhos.
Gostam de animais domésticos nomeadamente cães, sendo a figura dos passeadores de cães (sobretudo nas zonas mais ricas da cidade como Recoleta) uma constante. Além disso, nas cidades mais pequenas como El Calafate ou Bariloche vêem-se muitos cães pelas ruas, que parecem abandonados mas como tem coleira deverão ter dono...
Em Buenos Aires a cidade muda de uma rua para a outra
A comida típica são os grelhados de carne, sobretudo das partes mais nobres da vaca. Na Patagónia também é típico o cordeiro assado na brasa
Além disso, em quase todos os restaurantes têm pastas, bem como são frequentes as lojas de gelados, talvez pela influencia dos imigrantes italianos.
São também gulosos, sendo o dulche de leche quase um monumento nacional. Em Bariloche, as lojas de chocolates proliferam a par das de gelados.

Na cordilheira dos Andes é despejada toda a água que vem do pacifico.
No Sul as estradas são em cimento. Não é raro ir a andar e de repente estar num estradão de terra.
Em calafate tudo é mais caro que nas restantes cidades

Em BsAs as lojas são perfumadas

sábado, março 31, 2012

El Calafate

Em El Calafate não há prédios, todos os edifícios são de 1-2 andares e com jardim próprio, o que a torna numa cidade verdejante e com amplos espaços, apesar de embainhada pela montanha (banco calafate).
Os preços são mais altos do que em B.A. e Bariloche. As excursões são muito caras, mas valem bem a pena.


Dia 2
Após milhares de km e outras paragens, chegada ao destino tão esperado: o parque dos glaciares. A calote de neve da cordilheira dos Andes Sul é a 3o maior do mundo (a seguir à Antártica e Groenlândia).
O glaciar perito Moreno é dos mais famosos do mundo, não só pela sua beleza natural, mas também pelo movimento constante em equilíbrio de avanço e retrocesso, que cria as famosas explosões de gelo, que caem sobre o lago argentino. O vale tem cerca de 3,5km de largo e o glaciar ~5km de frente por terminar em ponta de lança, e 14km de profundidade; 60m acima de agua nas zonas mais altas. A parte central renova a cada 200 anos, margens ~400 anos.
É difícil descrever a sensação de contemplar uma beleza natural tão extrema como esta. Parece mexer com os sentimentos mais primitivos pela grandiosidade, as cores, os sons provocados pelo gelo a quebrar, a sensação do frio glaciar percorrer a pele e deixar marcas na face, nas entranhas, na alma... É uma imagem que não nos deixa nunca mais...

Ainda com os sentidos meio anestesiados, fomos fazer o passeio sobre o glaciar com grampos adaptados aos sapatos, para fazer granizado no caminho. Vimos covas e pontos de escape da agua superficial, que descem para a base do glaciar, lubrificando-o. O gelo assumo formas estranhas e desenha azuis profundos.
Brinde no final com whisky e granizado do glaciar. Top!

Dia 3
Passeio de barco pelo lago argentino, o maior do pais com ~1560km2, com passagem pelos braços Spegazzini e Upsala com glaciares com o mesmo nome. O Upsala é o maior do parque nacional, com uma área de 765km2 (o maior do hemisfério sul é o Pio XI com 1265km2). Infelizmente não se consegue aproximar da frente do glaciar, pois como está em rápida debelação forma um canal cheio de icebergues à sua frente tornando a navegação impossível. O Spegazzini é o mais alto, com ~130m, e recebe afluentes das montanhas vizinhas, que o tornam único na sua frente pois vê-se o afluente Peineta abraçar o monte.
Tinha nevado durante a madrugada, pelo que o topo dos montes estava salpicado de neve, como se tivesse passado um coador de açúcar em pó gigante.
Na volta fomos a um chazinho com crepe de dulce de leche, o Viva la Pepa, uma surpresa agradável pelo ambiente que criaram e pelo serviço.
À noite fomos a outro assador, o Don Pichón, que tem transfer do hotel pata o restaurante (logo se espera um local turístico). É-o de facto, mas os empregados são jovens e simpáticos. A parrillada compõe-se de cordeiro assado, bife de chorizo e vazia, chouriços, frango assado, tripas de cordeiro, tudo sobre uma chapa com brasas que vem para a mesa. O paraíso dos carnívoros. Essencial ser regado com vinho nacional da casta malbec.

O ultimo dia fez-se de passeatas a pé pela cidade, enquanto se aguardava hora do voo com destino ao fim do mundo

sexta-feira, março 30, 2012

Bariloche

1o dia
Chegada de manha à cidade que foi publicitada, após a sua fundação, de "a Suíça Argentina". O objectivo foi colonizar esse espaço que se encontrava em disputa com o Chile. A formula encontrada foi torna-la num destino turístico, o que foi amplamente conseguido. A disputa ficou resolvida com a divisão de terras proposta pelo perito Moreno.

Depois de uma pequena volta pelo centro histórico da cidade e um almoço deprimente, tivemos o primeiro sabor da beleza natural da região ao subir ao cerro Otto, no sopé do qual esta a cidade. Subida divertida no teleférico austríaco cujas cabinas tem forma de capacete. No cimo, percebe-se a extensão do lago Nahuei Huapi (lago do tigre, nome dado pelos Tehuelches, indígenas da região).
A indisposição do almoço mal escolhido e o cansaço da viagem matutina não deixaram espaço para mais aventuras.

2o dia
Acordar cedo para passeio pelo circuito Chico, onde se tem uma percepção alargada do que é esta parte do Rio Negro (província onde sita Bariloche) e se visita os principais pontos turísticos, incluindo o hotel Llao Llao (principal edifício construído com o objectivo de por Bariloche no mapa,, como já referido, projecto inicial do arquitecto Alejandro Bustillo). Mais um passeio a um mirante, desta vez cerro Campanario, tb com ampla vista da região, e melhor contemplando os lagos afluentes do Nahuel Huapi. Ao longe avista-se o cerro tronador (monte mais alto e importante da regiao) e vasta área da cordilheira dos Andes. Paragem numa fabrica de transformação de rosa mosqueta, uma planta europeia que actualmente se tornou uma praga. Fazem produtos de beleza pelas suas propriedades regenerativas e chá pela quantidade de vitamina C e A. Tem um ditado que diz: a rosa mosqueta é como os políticos, quanto mais se investiga mais propriedades se descobre :)
Após almoço caseiro e simpático, segue-se passeio de catamaran pelo lago, com ponto de partifa en Puerto Pañuelo, rumo ao bosque dos arrayanes (não consegui encontrar tradução) - um tipo de arbusto com tronco alaranjado, que deixado crescer livremente alcança ~20m. Muito bonito. Terras de parque nacional doadas por uma família rica.
No lago, avista-se a ilha sentinela, onde estão depositados os restos mortais do perito Moreno.
Visita a Isla Victoria, a maior do lago com cerca de 20km de extensão, e que actualmente é um viveiro de flora local, mas que durante muitos anos foi tomado por arvores exóticas (como pinheiros) que sufocaram a restante flora e por consequência fauna da ilha. Esforços estão a ser feitos para substituir esses pinhais por arvores autóctones.

Depois de bem passeados, bom jantar com truta e bife de chorizo no restaurante Jauja.

3o dia
Camionete com direcção ao monte Tronador, a cerca de 80km de Bariloche. Pelo caminho contemplam-se mais lagos, e já no parque nacional o lago das 7 cores, que começa num azul turquesa e vai gradando para tona esverdeados. A agua é sempre fria, pois é alimentado pelas nascentes glaciares. Pelo caminho, no lago Mascardi, a suposta ilha coração (do lado que passamos nem se vislumbra essa forma), com uma linda história romântica na sua origem (resumido: um amor proibido, 2 índios atados a arvores em ilhas diferentes e a forca do seu amor uniu os seus lábios)
Paragem para ver o saltillo las nalcas, através de pequeno percurso pelo bosque, com o cerro Tronador a ficar cada vez mais perto e a mostrar a sua imponência.
A chegada ao glaciar negro e sopé do cerro faz-se por um estradao de terra que foi dizimado em Maio de 2009, quando após dias de chuvadas torrenciais uma onda gigante vinda da base da montanha derrubou arvores, transportou rochedos. Hoje, já reconstruído mas ainda com os vestígios dessa destruição.
O glaciar negro é encantador, apesar de os icebergues que ficam na lagoa parecerem blocos de esferovite suja, pela sua inércia e cor. Não se consegue perceber a magnitude da montanha de gelo no cume, mas estima-se 80-100m. Da base descem quedas de agua permanentes que resultam do degelo constante. Tivemos a sorte de experimentar o porquê do nome Tronador: blocos de gelo do topo que se libertam provocando pequenas avalanches, que fazem um som semelhante ao de um trovão. Espectacular!
A visita segue para o sopé do monte na vertente este, onde tem uma pequena confiteria para servir os turistas, e também a nascente do rio manso que começa nas cascatas de agua que descem dos glaciares.

Regresso a Bariloche para jantar de despedida. Optamos pelo don Molino, assador crioulo, onde comi o melhor borrego assado da minha vida. Chama-se assador crioulo, em que o animal fica horas sobre uma lareira central, a assar lentamente e a namorar com o calor emanado dos troncos.